sábado, 6 de novembro de 2010

OPINYON - TEXTO DE ADRIANO CASTRO

OPINYON - CATÁLOGO

Acredito que uma das principais funções da arte é questionar. É levar o indivíduo a ter uma opinião crítica sobre algum tema. E nada melhor do que uma exposição de arte urbana para que isso seja levado a um maior número de pessoas. É na rua que as pessoas percebem em suas deambulações o ritmo e a dinâmica das cidades, e é na rua onde a arte interage mais diretamente com as pessoas. A arte urbana tem a característica de não aceitar controle e nem censura. Terreno fértil para a disseminação de idéias, seja em Salvador ou em Havana.
As gravuras urbanas que apresento neste catálogo, fazem parte de uma
pesquisa que desenvolvo há alguns anos, onde retiro a gravura das galerias
e instituições culturais e coloco-a nas ruas, dessacralizando-a e popularizando-a. A política sempre esteve presente em minha obra. Seja apontando a ausência de segurança nas cidades, a condição das mulheres em nossa sociedade ou denunciando as tentativas de “controle social da mídia”.
Falo sobre a possibilidade que se avizinha de um retorno aos tempos de
censura, através de um programa de governo intitulado PNDH 3.
Existem países como Cuba, Venezuela, Irã, Coréia do Norte, onde a liberdade de expressão não existe. Pessoas são presas apenas por discordarem do regime. Em minhas gravuras mostro essas pessoas, como Orlando Zapata, preso político morto enquanto protestava contra as prisões de consciência, e Guillermo Fariñas, também preso político em greve de fome,deportado para a Espanha pela ditadura cubana.
Como artista, não posso me calar, nem me omitir. Não devo permitir que este absurdo de “controlar” a imprensa seja implantado no Brasil. Pois, primeiro,serão os jornalistas e, depois, os artistas? Teremos, então, uma Estética Estatal? Será o começo do fim da liberdade de expressão. Será o começo da censura no país, como fizeram os militares em épocas passadas.
Se meus colegas artistas, de um modo em geral, preferem se calar a respeito deste tema, eu, ao contrário, prefiro falar. Trazer para o debate artístico. Se eles, por ignorância, ideologia, conveniência ou conivência, preferem mantê-lo nas trevas, eu prefiro tratá-lo às claras, à luz do dia. A censura não tem mais lugar no Brasil do século XXI. “Mas noto também, aqui e ali, que certas fichas estão caindo”. O que antes parecia paranóia desse ou daquele, motivada por suposto alinhamento ideológico ou por afinidades eletivas,começa a se revelar em toda a sua crueza, com todo o seu incrível poder de destruição. São tantas e tão descaradas as tentativas de criar uma verdade oficial a contrapelo dos fatos e é tão brutal a reação dos fascistóides no trabalho de intimidação que até alguns “neutros”, quase simpatizantes,começaram a sentir ameaçada a própria liberdade”, disse Reinaldo Azevedo.
Hoje, o ataque é à liberdade de expressão. E amanhã? Existem pessoas que
começam a perceber que é melhor ser livre para poder bater na oposição do
que ser livre para só poder elogiar um partido. Este trabalho é uma homenagem a todas as pessoas que não podem se expressar livremente.
Adriano Castro

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